Entender a Língua Portuguesa nunca foi uma tarefa fácil para a maioria daqueles que ousaram enfrentá-la. Mas, pensando melhor, enfrentar seria a palavra mais adequada? Compreender, encarar, defrontar…não faltam sinônimos para ela, inclusive é extensa nesse aspecto, não é mesmo? Quem lê, sabe que o nosso idioma possui uma riqueza vocabular singular e que muitos não a compreendem como gostariam. Realmente, é preciso estudar bastante, mas vale a pena.
Por ser o Brasil um país de extensão territorial considerável, a linguagem não poderia ser única. As variações linguísticas (geográficas e socioculturais) nascem o tempo todo. A língua é viva e dinâmica e as mudanças acontecem do dia para a noite.
Em todo caso, a linguagem aqui trabalhada será a de maior prestígio, a exigida em qualquer concurso: a norma culta (ou padrão, como alguns preferem dizer).
Mas vale ressaltar que toda forma de comunicação é válida (linguagem coloquial, padrão, literária, regional…). O importante é saber a situação adequada para empregar cada uma. Convém a você, caso queira, pesquisar sobre a variação da linguagem, visto que é um assunto bastante interessante.
Gramática na Língua Portuguesa
Vamos trabalhar com alguns casos que mais causam dúvidas entre os estudantes da língua portuguesa. Concordância, regência, ortografia, sintaxe, homônimos, parônimos, acentuação, pontuação e figuras de linguagem serão alguns tópicos abordados por enquanto. Lembre-se de que tudo é compreendido quando se quer. Foco é a palavra chave!
Antes de mais nada, o propósito aqui é fazer com que se entenda esse mundo das palavras e suas associações sem preconceitos, sem rodeios e sem desculpas!
Vamos começar!
Concordância Verbal I
A regra geral é simples: o verbo concorda com o sujeito (não importa se está expresso, subentendido, antes ou depois do verbo). Isso se chama concordância verbal!
Quando você for estudar casos de concordância verbal, atenha-se ao fato de que é importante analisar o tipo de sujeito em questão, entender a sua estrutura. Ele é que manda nessa relação de sujeito x verbo. Ok?
Vamos recordar.
1. Sujeito representado por expressões partitivas: “a maioria”, “a maior parte de”, “o menor número de” etc + palavra no plural= verbo fica no singular. *
A maior parte dos idosos tem muito a ensinar aos mais jovens.
Entretanto, quando se quer realçar a palavra no plural , é permitido deixar o verbo também no plural. Assim não dá para errar. Veja mais exemplos.
A maior parte dos idosos têm muito a ensinar aos mais jovens.
Grande parte dos indígenas vive (ou vivem) na chamada Amazônia Legal.
* Como opção estilística faz-se a concordância com o substantivo que, no plural, denota o conjunto:
“A maioria das máquinas apreendidas, procedentes da Espanha e dos Estados Unidos, entraram regularmente no Brasil.”
( AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. 2 ed.São Paulo: Publifolha, 2008, pg 230)
2. O sujeito é representado por pronomes (interrogativos ou indefinidos) no plural e, em seguida, as expressões de nós ou de vós = o verbo fica na 3a. pessoa do plural ou pode concordar com os pronomes nós ou vós.
Muitos de nós preferem livros impressos a digitais.
Quais de vós torcem para o time carioca ganhar?
Muitos de nós preferimos livros impressos a digitais.
Quais de vós torcestes para o time carioca ganhar? (Quais de vocês torcem/ torceram…)
Atenção: se o pronome indefinido ou interrogativo estiver no singular, ele tem a preferência, ou seja, o verbo fica no singular:
Nenhum de nós esquecerá os tempos de infância.
Qual de nós fará a prova da OAB?
3. Quando o sujeito é composto e vem depois do verbo (posposto ao verbo) há 2 possibilidades de concordância:
Marcaram a vida dos jovens a música e a dança.
Marcou a vida dos jovens a música e a dança.
O verbo concorda com os dois sujeitos (deixando-o no plural) ou somente com o mais próximo (nesse caso, no exemplo acima, fica no singular).
Nota-se que, se os sujeitos já estiverem no plural, não há razão para deixar o verbo no singular. Atente-se para esse fato.
Precisam ser respeitados cães e gatos.
4. Pronome relativo QUE ou QUEM
Quando o sujeito for o pronome QUE, o verbo fará a concordância sempre com o seu antecedente:
Sou eu que devo colaborar com o meio ambiente. ( …eu devo…)
Somos nós que enfrentamos dificuldades todos os dias. (…nós enfrentamos…)
Se o pronome for QUEM, não há como errar: a concordância será com o antecedente ou fica na 3a. pessoa do singular:
Foram eles quem fizeram (ou fez) a falsa denúncia no conselho tutelar. (…eles fizeram…/ …quem fez…)
Em “Fui eu quem te criei”, caso quiséssemos concordar com o pronome quem, ficaria: “Fui eu quem te criou”.
5. Número percentual ou fracionário
Para essa regra, não há mistério: o verbo concorda com o numeral.
80% dos estudantes têm dificuldades em análise textual.
1% dos vestibulandos chegou após o horário das provas.
Apenas 1/3 do plenário aprovou a reforma do governo.( Se for número fracionário, vale o numerador).
6. Pronome apassivador SE
Leia o diálogo abaixo entre um corretor e um suposto comprador de uma loja:
– Bom dia! Gostaria de me informar sobre os valores das lojas anunciadas no site desta imobiliária. Fiquei muito interessado, apesar do erro de concordância no anúncio. Estava escrito: “Vende-se duas lojas.”
-Erro? O senhor deve estar enganado. Estamos vendendo realmente duas lojas no edifício. Não há erro nenhum.
-O erro não está na quantidade de lojas, mas na concordância!
Qual seria o erro de concordância na frase acima?
Na construção de uma frase, usando o pronome apassivador SE, o verbo deve concordar com o sujeito. Dessa forma, no exemplo dado é “terrenos adicionais disponíveis”.
Reescrevendo o anúncio, teríamos: Vendem-se duas lojas.
Talvez fique mais claro com a inversão da ordem das palavras para melhor visualização do sujeito (com a troca da voz passiva):
Duas lojas são vendidos.
Dessa forma, fica mais claro o posicionamento do sujeito, evitando uma concordância inadequada.
Mais exemplos:
Nesta loja, não se vendem peças velhas. (Peças velhas não são vendidas)
Conserta-se roupa. (Roupa é consertada)
Procuram-se, nesta quadra, apartamentos para compra. (Apartamentos são procurados).
Elaboram-se monografias. (Monografias são elaboradas).
Vamos exercitar um pouco? No próximo post, você irá encontrar alguns exercícios. Clique aqui.
Bons estudos! A fim de acelerar sua aprendizagem da Língua Portuguesa, deixo aqui a minha recomendação de leitura, Gramática comentada com interpretação de textos para concursos, de Adriana Figueiredo.