A colocação pronominal é um assunto recorrente em provas de concursos e que traz dúvidas porque, normalmente, emprega-se de uma forma mais coloquial. Contudo, há regras para se utilizar tais pronomes de acordo com a norma padrão da língua.
Na nossa literatura, o uso da correta colocação pronominal já era comentado na época de Oswald de Andrade, em 1925. Para parar com o processo de petrificação da linguagem na época, o autor lança um poema com títulos em letras minúsculas e abole os sinais de pontuação.
pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
Contudo, como não somos poetas e não temos liberdade de expressão em nossas provas, vamos às regras da colocação pronominal. Mais adiante você verá por que a gramática exige a forma escrita expressa no primeiro verso (“Dê-me um cigarro”).
Pronomes oblíquos átonos
Antes de mais nada, é importante lembrar que a colocação dos pronomes diz referência somente aos pronomes oblíquos átonos, ou seja, aqueles que são pronunciados de forma fraca. São eles: me, te, se, nos, vos, o(s), a(s), e lhe(s).
Além disso, as posições desses pronomes são sempre associadas aos verbos e, de acordo com outros fatores, podem existir três posições que chamamos de próclise, mesóclise e ênclise.
Próclise (pronome antes do verbo)
Veja, na imagem acima, que o pronome me ficou posicionado antes do verbo satisfaz porque o pronome indefinido nada, atrai o pronome átono. Quando isso ocorre, dizemos que houve próclise.
Quais os casos em que a próclise é obrigatória?
- Com palavras de sentido negativo: não, nunca, nada, nem, jamais etc.
Jamais me repita tal erro!
- Com advérbios: aqui, sempre, tranquilamente, hoje, muito etc.
“Aqui se faz, aqui se paga!”
- Com pronomes relativos: que, qual, onde etc.
Onde se viu uma coisa dessas?!
- Com pronomes indefinidos: ninguém, alguém, muitos, poucos etc.
Muitos lhe perguntavam sobre o gabarito da prova.
- Com pronomes demonstrativos: essa, isso, aquele etc.
Aquilo me irritava profundamente!
- Com conjunções subordinativas: que, quando, embora etc.
Quando a incomodarem, fale comigo.
- Na estrutura “em + gerúndio”.
Em se tratando de filmes de ação, ele é o melhor diretor.
- Em frases optativas.
Que a sabedoria lhe dê bons conselhos!
Mesóclise (pronome no meio do verbo)
A mesóclise só é obrigatória quando o verbo está no futuro do presente ou no futuro do pretérito e no início da oração.
A frase na imagem acima, nada mais diz que: “Darei a ela o que não espera.”
Mais exemplos:
Vencê-lo-ei com certeza!
Dar-me-ia o prazer desta dança?
Aprovar-te-iam se soubessem dos teus atos?
Ênclise (pronome depois do verbo)
Apenas duas situações exigem a ênclise.
1) Quando o verbo inicia a oração do período.
Fale-nos tudo que você sabe!
Concentrem-se nos estudos!
Empreste-me um lápis?
“Dê-me um cigarro” (Oswald de Andrade)
2) Quando o verbo, no interior da oração, é precedido de pausa.
Infelizmente, sabe-se pouco do ocorrido.
Ao final da apresentação, chegou-se à conclusão de que foi um sucesso!
Após a saída das aulas, encontrá-lo foi fácil.
Colocação pronominal nas locuções verbais e tempo compostos
Verbo auxiliar + verbo principal (infinitivo, gerúndio ou particípio)
Neste bloco, atente-se para a forma dos verbos, ok?
a) Se o verbo principal estiver no infinitivo ou gerúndio, a posição do pronome é indiferente. Só não pode no início da oração.
Quero lhe apresentar uma pessoa.
Quero apresentar-lhe uma pessoa.
b) Caso haja caso de próclise, o pronome átono fica antes dos verbos ou depois deles.
Não lhe quero comprometer.
Não quero comprometer-lhe.
c) Se o verbo principal estiver no particípio, o pronome átono jamais ficará depois deste. Assim, pode ser usada a próclise, a mesóclise ou a ênclise, respeitados os casos já vistos.
Havia lhe contado todos os pormenores do ocorrido.
Sempre se sentia perseguido pelos colegas de classe.
Ficou sem palavras, porque se sentiu rejeitado.
Nota:
1) Os casos da próclise sempre prevalecem sobre os demais.
Nunca me convidaria para um cinema. (E não: Nunca convidar-me-ia para um cinema).
2) Quando se coloca o pronome depois de um verbo auxiliar, pode usar ou não o hífen.
Vou-te agradecer sempre pela ajuda. / Vou te agradecer sempre pela ajuda.
Espero que o post sobre colocação pronominal ajude você de alguma forma. Deixe seu comentário para as próximas postagens.
Bons estudos e até a próxima.
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