As orações subordinadas adjetivas são aquelas que expressam uma característica, já que possui função própria do adjetivo, como já dissemos no artigo “Frase – Oração – Período”. Exercem, portanto, a função de adjunto adnominal.
Tal característica é referente a um termo da oração principal (chamado de antecedente) e a subordinada adjetiva vem introduzida pelo conectivo chamado de pronome relativo.
Observe:
I.
| Os alunos faltosos serão reprovados. |
II.
| Os alunos que faltam serão reprovados. |
Em I, o adjetivo faltosos exerce a função de adjunto adnominal. Já em II, a função de adjunto adnominal passa a ser representada por uma oração inteira – “que faltam”. Tal oração chama-se oração subordinada adjetiva. Veja outro exemplo:
O homem trabalhador vence na vida / O homem que trabalha vence na vida.
Em ” O homem que trabalha vence na vida”, temos a seguinte divisão e classificação:
. oração principal: [O homem vence na vida]
. oração subordinada adjetiva: [que trabalha]
Leia, também, em nosso site:
Classificação das orações subordinadas adjetivas
As orações subordinadas adjetivas são classificadas em dois tipos:
Explicativas:
São as que atribuem uma qualidade própria a um nome da oração principal, não restringe sua significação; apenas, passa uma informação já sabida por todos.
Tal explicação é marcada, na escrita, por vírgula, esteja a subordinada posposta à principal ou intercalada a ela.
[O Brasil, [que é um país da América do Sul], passa por conflitos políticos.]
1ª. oração principal: O Brasil passa por conflitos políticos.
2ª. oração subordinada adjetiva explicativa: que é um país da América do Sul.
Perceba que ser um país da América do Sul é apenas uma informação a mais referente ao termo Brasil. A vírgula, nesse caso, é obrigatória.
Mais um exemplo:

1ª: or. principal: Os animais merecem respeito.
2ª: or. subord. adjetiva explicativa: que são seres vivos.
Todo animal é um ser vivo, certo? É, portanto, uma mera explicação, não uma restrição. O uso da vírgula é obrigatório.
Restritivas:
Como o nome já diz, elas restringem o significado de um termo antecedente da oração principal. Neste caso, normalmente, não há o emprego da vírgula; apenas se a oração estiver uma certa extensão.
Observe os exemplos:
I. As pessoas que leem engrandecem a alma.
II. O homem que pensa comete poucos erros.
III. Receberão um comunicado os jogadores que faltaram ao treino.
Nos três períodos compostos acima, há restrições, limitações:
Em I, somente terão a alma engrandecida as pessoas que têm o hábito da leitura.
Em II, comete poucos erros só o homem que pensa; o que não pensa, certamente, comete erros.
Em III, receberão um comunicado somente os jogadores que não foram ao treino; o restante da equipe não receberá.
Ao observar a mensagem abaixo, pode-se dizer que toda criança é feliz?

Não. Segundo a mensagem, feliz é somente a criança que brinca. Pressupõe-se, então, que infeliz é a criança que não brinca.
Uma boa dica, para você não se confundir com a classificação das adjetivas, é empregar os termos todo(a) ou somente.
Em “ O homem, que é um ser racional, analisa os fatos.”, a oração em destaque é adjetiva explicativa, porque todo homem é um ser pensante.
Em “O jovem que trabalha é independente.”, somente o jovem que trabalha é independente; portanto, temos um exemplo de oração adjetiva restritiva.
Pronomes relativos
Os pronomes relativos são os conectores da oração subordinada adjetiva. Eles são os responsáveis por retomar o termo antecedente da oração anterior.
Observe a estrutura:

Os pronomes relativos podem ser divididos em variáveis (com mudança de gênero e número) e invariáveis (não há alteração).
Observe a tabela abaixo:
| VARIÁVEIS | INVARIÁVEIS |
|---|---|
| o qual, a qual, os quais, as quais | que |
| cujo, cuja, cujos, cujas | quem |
| quanto(s), quanta(s) | onde / aonde |
| ………………………………………………………. | como |
Emprego dos pronomes relativos
Antes de lembrarmos do emprego desses pronomes, é necessário não esquecer de que, dependendo da regência, preposições podem ser necessárias, ok?
a) quem:
O pronome relativo quem é empregado com referência somente a pessoas e virá sempre preposicionado:
Essa é a pessoa de quem lhe falei.
Conheço a mulher a quem você se referiu.
Você é a pessoa ideal de quem necessito para ajudar na tarefa.
b) cujo (e flexões):
Indica posse e concorda com a coisa possuída. Jamais admite artigo após seu emprego.
Essa é a atriz cujas atuações eu aprecio. (Aprecio as atuações da atriz).
Saramago é o autor de cujos livros eu gosto. (Gosto dos livros do autor)
Aqui está a saia de cujo modelo falei. ( Falei do modelo da saia).
Errado: Saramago é o autor de cujos os livros eu gosto.
* O pronome cujos já inclui o artigo os.
c) que:
Pode se referir a pessoas ou a coisas:
A tela que pintei ficou manchada.
Conheci o rapaz que você viu na boate ontem.
Aqui estão as chaves de que necessita.
* Caso a preposição tenha mais de uma sílaba, usa-se o pronome relativo o qual e suas flexões:
São pessoas sobre as quais lhe falei.
d) quanto (e flexões):
Usa-se quando o antecedente for os pronomes indefinidos tudo, tanto etc.:
Disse tudo quanto pôde.
Mudaremos de casa tantas vezes quantas forem necessárias.
e) onde/ aonde:
É usado para indicar lugar; onde pode ser substituído por “em que” ou “no qual” e suas flexões; aonde, pode ser substituído por “a que”.
Esta é a avenida onde fixei residência.
A rua em que moro fica longe do centro da cidade.
Conhece a cidade aonde vamos?
Ainda há possibilidade de ser usado sem antecedente.
Fiquei parado onde estava.
Observação: é muito comum, na linguagem coloquial, o emprego do pronome onde sem referência a lugar; porém, na língua formal, evita-se.
. Eles comentaram sobre um problema onde não pude ajudar.
. Os engenheiros falaram de um projeto onde as pessoas de renda baixa poderiam ser beneficiadas.
f) como:
Quando se refere a modo, maneira:
Não entendi o jeito como fez a tarefa.
A importância do uso da preposição nas orações subordinadas adjetivas
Apesar de já ter sido comentado anteriormente, vale a pena ressaltar a importância da preposição para não se cometer erros de regência. Observe:

A regência do verbo precisar, neste sentido, é transitivo indireto com auxílio da preposição “de”. Sendo assim, ao utilizar o pronome relativo, não se pode deixar a preposição esquecida. “Quem precisa, precisa de algo”, Ok?
Espero que tenhamos ajudado você nos estudos das orações subordinadas adjetivas. Se possível, reveja o conteúdo com calma para melhor fixação.
E, caso queira, acesse os demais artigos sobre o período composto. Bom trabalho!
Autora:
Ana Paula Ramos
ProfessoraA autora é licenciada em Letras pela Faculdade Niteroiense de Educação, Letras e Turismo (RJ) e pós-graduada em Língua Portuguesa pela mesma faculdade. Ministrou, durante 27 anos, aulas de Gramática e Redação nos ensinos fundamental e médio em Brasília-DF.
Referência bibliográfica:
- FIGUEIREDO, Adriana . Gramática comentada com interpretação de textos para concursos. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
- MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Saraiva, 2007.
TERRA, Ernani . Curso Prático de gramática. São Paulo: Scipione, 2011.
