Antes de iniciarmos o estudo das orações subordinadas substantivas, vamos relembrar um pouco o período composto por subordinação.
No artigo sobre Frase – oração – período, vimos a diferença básica entre o período composto por coordenação e o composto por subordinação.
A diferença primordial é a independência sintática das coordenadas; diferentemente das subordinadas, que se ligam exercendo funções sintáticas entre suas orações.
Dentro desse contexto, há três tipos de orações subordinadas:
1. Substantivas (exercem funções próprias do substantivo);
2. Adjetivas (exercem a função própria de um adjetivo);
3. Adverbiais (exercem as funções próprias de um advérbio).
Veja um exemplo de cada uma delas:
1. “ Vivemos na mais rica cidade do mundo. Os viajantes costumam dizer que nenhuma outra se iguala a ela em prosperidade.” (George S. Clason. O homem mais rico da babilônia)
Ao analisar a oração grifada, percebe-se que ela completa o sentido de um verbo, portanto é uma função de objeto direto, próprio de um substantivo. Classifica-se, então, de oração subordinada substantiva.
2. “Escuto a frase cortada que ela diz, como se passasse instruções.” (Bella Barbosa. Submundo – deuses mortais)
A oração grifada possui uma característica da frase, ser dita por ela, uma função de adjunto adnominal. Chamamos de oração subordinada adjetiva, portanto.
3. “Quando fui comprar cigarros, receei que ele dirigisse algum galanteio baixo à moça da tabacaria.” (Rubem Braga)
O advérbio quando, iniciando a 1ª oração, já nos traz a ideia de tempo, o que se adequa à função de adjunto adverbial; portanto, uma oração subordinada adverbial.
À primeira vista, pode parecer difícil, mas você verá que é mais simples do que se imagina. O importante é estudar com clareza e fazer os exercícios; quanto mais, melhor.
Neste artigo, vamos nos concentrar nas orações subordinadas substantivas desenvolvidas, quando se usa os conectivos para unir as orações.
Orações subordinadas substantivas – classificação
Como foi dito, as orações subordinadas substantivas possuem o valor próprio de um substantivo. E quais seriam esses valores?
- Sujeito
- Objeto direto
- Objeto indireto
- Complemento nominal
- Predicativo
- Aposto
Quando essas funções estão em forma de oração, passam a se classificar desta forma (e suas abreviações):
1 | Oração subordinada subjetiva | OSSS |
2 | Oração subordinada substantiva objetiva direta | OSSOD |
3 | Oração subordinada substantiva objetiva indireta | OSSOI |
4 | Oração subordinada substantiva completiva nominal | OSSCN |
5 | Oração subordinada substantiva predicativa | OSSP |
6 | Oração subordinada substantiva apositiva | OSSA |
As seis orações subordinadas acima se ligam sempre a uma oração chamada de principal, que não possui nenhuma função sintática. Vamos combinar que OP será nossa abreviatura para oração principal, ok?
Leia:
Vamos analisar as duas orações do período:
1ª [Tenho certeza] – oração principal que pede um complemento para a palavra certeza ter seu sentido completo.
2ª [de que o sorriso é o melhor remédio.] – oração subordinada substantiva.
Faça a velha perguntinha: Quem tem certeza, tem certeza de alguma coisa. Pois bem, é a segunda oração que completa o sentido de certeza. Então é a segunda que é subordinada à primeira, chamada de principal.
A classificação da subordinada substantiva, no exemplo acima, é completiva nominal, por completar o sentido da palavra certeza, que é um nome, um substantivo abstrato.
Veja outros exemplos das principais e suas subordinadas:
Parece que tudo vai dar certo.
O certo é que devemos viver a vida!
Só sei de uma coisa: que o mundo precisa de paz!
Você soube se o horário do expediente sofreu mudanças?
Todas as orações grifadas são classificadas como principal e, geralmente, iniciam o período.
Conjunção integrante
As orações subordinadas substantivas, quando são desenvolvidas, ligam-se à principal por meio de uma conjunção integrante (que, se).
Quando não há o uso dessas conjunções, dizemos que as orações são reduzidas. Veja a diferença:
I – É necessário que arquive o processo. (subordinada substantiva subjetiva)
II – É necessário arquivar o processo. (subordinada substantiva subjetiva reduzida)
Note que a segunda oração, do período I, faz uso da conjunção integrante que.
Já no período II, a subordinada não possui nenhuma conjunção e o verbo está na forma nominal do infinitivo. Tal classificação será estudada em outro momento, ok?
Além das conjunções integrantes, outros termos podem vir encabeçando as subordinadas, como pronomes ou advérbios interrogativos. Eis alguns deles: como, quando, quem, quanto, onde.
Análise das orações subordinadas substantivas
Subjetivas:
– exercem a função sintática de sujeito do verbo da oração principal. Para entender esse caso, fica melhor invertermos a posição entre elas. Observe:
I. [Sua classificação] é importante. (Sua classificação é o sujeito).
II. É importante [que você se classifique] = (sujeito em forma de oração).
Note que, em I, o núcleo do sujeito é representado por um substantivo: classificação.
Em II, o sujeito é representado por toda uma oração, que exerce a mesma função sintática que classificação.
Mais exemplos:
I. Parece que tudo foi em vão.
II. Convém que você se forme.
III. Sabe-se que nem tudo são flores.
IV. É urgente que você saia.
Uma forte característica das subordinadas substantivas subjetivas é não ter sujeito em sua oração principal, já que o sujeito está na própria subordinada. Não se esqueça desse grande detalhe.
Outra característica é a forma verbal da oração principal. Os verbos estão na 3ª pessoa do singular e com as seguintes estruturas:
.Verbo intransitivo
.Verbo de ligação + predicativo do sujeito
.Verbo na voz passiva
Reveja os exemplos acima e analise a estrutura de cada oração principal. Confira se você acertou:
I. Verbo intransitivo
II. Verbo intransitivo
III. Verbo na voz passiva
IV. Verbo de ligação + predicativo do sujeito.
Objetivas diretas:
– exercem a função de objeto direto do verbo que está na oração principal.
OP [Notei] [que tudo estava em seu devido lugar.] OSSOD
OP [Ela contou] [onde ocorreu o acidente]. OSSOD
Objetivas indiretas:
– exercem a função de objeto indireto do verbo da oração principal. Atente-se para o fato de que , como se trata de um objeto indireto, é preciso o uso de uma preposição, pois o verbo da OP é transitivo indireto.
OP [Os idosos necessitam] [de que o jovem tenha mais compreensão e carinho por eles.] OSSOI
OP [Receio] [de que a internet seja mal utilizada por muitos adultos e adolescentes.] OSSOI
Completivas nominais:
– exercem a função de um complemento nominal de um nome(substantivo abstrato, adjetivo, principalmente) da oração principal, necessitando de uma preposição.
OP [Tenho medo] [de que a prova esteja muito difícil.] OSSCN
OP [Todos nós somos favoráveis] [a que estude no exterior.] OSSCN
Predicativas :
– exercem a função de predicativo do sujeito da oração principal. Observe que a estrutura da oração principal será SUJEITO + VERBO DE LIGAÇÃO.
OP [O bom é] [que todos se reuniram no comício.] OSSP
OP [A verdade seria] [que todos gostassem de boas leituras.] OSSP
Apositivas:
– exercem a função sintática de um aposto de um nome da oração principal. Note que as subordinadas apositivas explicam o nome da oração principal; não completa o seu sentido, como nas completivas nominais.
Oração principal: Só desejo isto
Oração subordinada substantiva apositiva: que seu coração só faça o bem!
Tua grande dúvida, de que ele passasse no vestibular, seria desfeita.
Neste último exemplo, a subordinada substantiva apositiva está entre vírgulas, intercalada à principal.
A pontuação nas substantivas
Não existe pontuação entre a oração principal e suas subordinadas substantivas. A única exceção é no caso das apositivas, explicado acima.
É fácil entender o porquê da inexistência de pontuação entre elas. Não separamos sujeito do predicado, ou objeto de seus complementos. Tal estrutura vale também para as subordinadas.
Releia todo o conteúdo antes de começar seus exercícios. Uma segunda leitura é sempre bem vinda.
Esperamos que nosso estudo tenha ajudado você de alguma forma. Revise seus estudos e pratique bastante. Tal hábito é muito importante para o sucesso em seus resultados.
Até a próxima.
Autora:
Ana Paula Ramos
ProfessoraA autora é licenciada em Letras pela Faculdade Niteroiense de Educação, Letras e Turismo (RJ) e pós-graduada em Língua Portuguesa pela mesma faculdade. Ministrou, durante 27 anos, aulas de Gramática e Redação nos ensinos fundamental e médio em Brasília-DF.
Referência bibliográfica:
1. CEREJA, William Roberto et al. Português – Linguagens. São Paulo: Atual, 2006.
2. TERRA, Ernani et al. Curso Prático de Gramática. São Paulo: Scipione, 2011.
3. BRAGA, Rubem et al. 200 crônicas escolhidas. 25. ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.
4. BARBOSA, Bella et al. Submundo: deuses mortais. Maringá – PR: Viseu, 2022.